. . Jornal do Comércio entrevista diretor da Geral Investimentos

Confira na íntegra a entrevista publicada (25 de setembro) na seção Com a Palavra, parte do Caderno Empresas e Negócios do Jornal do Comércio de Porto Alegre com o diretor da Geral Investimentos Ede Antônio Gasperin. 

Por Tatiana Prunes

Em tempos de incertezas sobre o futuro econômico, em se tratando de segurança, é imprescindível pensar em investimentos ao longo do tempo para que, lá na frente, se obtenha um bom retorno. E isso exige que as pessoas, principalmente as que pertencem às novas gerações, busquem uma prevenção por meio de muita disciplina. A Geral Investimentos, corretora de câmbio e valores mobiliários, com 50 anos de atuação na área, ajuda a definir o perfil de risco do cliente assim como o tipo de produto em que ele pode investir. Formado em Administração de Empresas e Ciências Jurídicas e Sociais, o diretor-geral da Geral Investimentos há 35 anos, Ede Antônio Gasperin, mantém o otimismo, mesmo diante de crises. De acordo com ele, mesmo quando a política ou um evento internacional interferem no mercado, refletindo negativamente nos negócios, não há motivos para desanimar.

Empresas & Negócios – Nesses 35 anos, período em que o senhor é diretor, que situação pode ser considerada mais difícil no que se refere à instabilidade econômica?

Ede Antônio Gasperin – Diria que a crise político-econômica, pela qual ainda estamos passando, está sendo muito prolongada. No Plano Collor, entretanto, quando houve o confisco da poupança, posso considerar um dos momentos mais desafiadores, ainda que não tenha sido por um longo tempo, mas foi bem delicado e importante. Para uma empresa que trabalha com investimentos, ver a situação dos clientes com seus recursos congelados, tornados indisponíveis, foi difícil, porque não havia como eles fazerem investimentos. Foi uma questão de um ano, dois anos, e o assunto se resolveu. O problema atual já é um pouco diferente. É de um período de um tempo maior, onde não houve um confisco, mas apresenta uma percepção de que a melhora vai ser lenta e gradual, e não algo muito rápido. Para isso, a gente tem que ter um pouquinho mais de paciência. E também não há como considerar que a volta de uma situação tão crítica como a que nós passamos aí seja muito rápida, porque acho que o estrago que foi feito é grande. Mas a gente percebe que os próprios investidores estrangeiros estão mais confiantes que os investidores nacionais. De qualquer forma, temos que ter o cuidado com as notícias negativas. No mercado de capitais, principalmente, a notícia desfavorável não deixa de ser uma oportunidade, pois, muitas vezes, a partir dela, ocorre depreciação, e os preços se tornam ainda mais atrativos. E a Geral Investimentos apresenta aos clientes a situação de forma concreta, mostrando a eles as oportunidades que existem nesses momentos mais difíceis.

Empresas & Negócios – A solidez da empresa é baseada em que tipo de postura?

Gasperin – O primeiro fator é o da confiança, pois, se nós estamos há 50 anos de mercado, é porque os clientes já nos conhecem há muito tempo, nos indicando, assim, para outros. Então temos que, de fato, manter uma postura de seriedade na condução dos negócios, uma postura conservadora, e não aventureira. Trabalhamos para que o cliente agregue valor ao seu patrimônio, rentabilize seus recursos, e entenda as situações de ordem tributária, de ordem financeira, matemática, de economia e de finanças. Enfim, é um conjunto de coisas que levam o cliente a poder tomar uma decisão. Depois que tudo é apresentado a ele, mantemos uma posição de transparência de que a decisão soberana é dele, e aquilo que ele autorizar será exatamente aquilo que vamos executar.

Empresas & Negócios – Qual o principal perfil do seu cliente?

Gasperin – Os clientes são, via de regra, pessoas físicas na área de investimentos de mercado de capitais. Já na área de câmbio, são apenas pessoas jurídicas, exportadores e importadores. Na área de fundos imobiliários, na qual também somos administradores, trabalhamos com pessoas físicas e jurídicas, mas, numericamente, nosso público preponderante é a pessoa física.

Empresas & Negócios – Se o senhor pudesse dar um conselho diante desse cenário em que se encontra o País, qual seria?

Gasperin – Acho que dá para resumir isso em poucas palavras: que o pior já passou, e agora o que vem pela frente é um cenário de retomada, de recuperação, onde temos um efeito da taxa de juros que já diminui significativamente, e que deverá recuar ainda mais. Além da condição de inflação também baixa, o que propicia uma redução ainda maior dessa taxa. Com esses eventos, cabe ao investidor repensar o seu modelo de negócios, a sua forma de atuação e sair daquilo que a gente chama de zona de conforto. Como estar, por exemplo, com uma aplicação na poupança e permanecer assim. Mas quando os juros da poupança começam a ficar muito baixos, tem que olhar para os lados e avaliar a possibilidade de assumir um pouco mais de risco para tentar buscar uma rentabilidade mais interessante dos seus investimentos. Ficar só sofrendo com a redução da taxa de juros e ser conservador pode ter um custo elevado, como perder a rentabilidade.

Empresas & Negócios – O senhor pode exemplificar?

Gasperin – As pessoas ficam aguardando a aposentadoria e não fazem o pé de meia. Mas não tem que ser assim. É possível distribuir os recursos em um portfólio de diversos ativos. Então vamos pensar em um fundo de pensão, que tem na sua carteira de renda fixa, renda variável, imóveis, enfim, uma diversidade grande de investimentos. Toda pessoa física pode ter seu portfólio de investimentos diversificado, o que garante um fundo de pensão, de previdência, para que o amanhã seja melhor do que o hoje.

Empresas & Negócios – Qual o valor mínimo que a pessoa física deve dispor para iniciar algum tipo de investimento?

Gasperin – O ideal seria começar por um fundo onde ele representa um condomínio de diversos investidores com uma carteira já diversificada. Se comprar um único ativo – como exemplo, somente ações da Petrobras – e ele for muito bem, ótimo. Já se a aplicação for em um fundo onde haverá várias companhias, o risco também se dilui. Então o ideal é começar sempre na linha de compras em um condomínio, ou seja, um fundo onde se tem gestão profissional, onde se tem pessoas experientes, onde a operação é simplificada e, a partir da obtenção de um maior conhecimento, de um maior aprendizado, quando estiver apto a tomar decisões e escolher o que comprar e o que vender, assessorado sempre pela instituição, o cliente pode vir a querer uma carteira individual. Empresas & Negócios – E para entrar em um condomínio, qual o valor inicial necessário? Gasperin – Oferecemos o fundo de ações chamado Galt Fia, que é a partir de R$ 1 mil, no qual já se pode tornar um cotista. Temos, também, o Geral Dividendos, que se inicia com R$ 3 mil. Mas, se quiser avaliar alguém que aporta R$ 1 mil ou R$ 3 mil e depois nunca mais aporta, vai ser meio difícil esse dinheiro virar um R$ 1 milhão. É necessário fazer aportes periódicos de R$ 1 mil, de R$ 3 mil, para que ele não tenha apenas uma expansão orgânica desse investimento, mas também o crescimento por aportes frequentes e, aí sim, o investimento se torna mais robusto.




Siga-nos no Twitter!