. . As mudanças na bolsa de valores brasileira

Nessa sexta-feira, dia 30 de junho, nosso analista-chefe, Carlos Müller, publicou um importante artigo no Jornal do Comércio. Confira aqui a exclusiva versão estendida do texto.

Ao longo dos últimos anos, o Ibovespa passou por muitas modificações na sua composição. Isso é natural se levarmos em conta que a dinâmica, tanto da economia brasileira como da global, foi modificada. Estruturalmente, o cenário de juros, câmbio e inflação no país passou por diversas alterações. Nesse contexto vale lembrar-se de períodos como o das privatizações, no final da década de 90, no qual ascenderam muitas empresas. No mundo não foi diferente, com diversas crises ocorrendo nos últimos anos, potências surgindo e o fluxo do dinheiro sendo alterado. Esse quadro levou a alterações em modelos de crescimento e demanda por produtos.

Nesse cenário vemos, nos últimos 20 anos, a bolsa brasileira tendo uma grande concentração no setor de telecom, posteriormente em empresas ligadas a commodities e mais recentemente do segmento financeiro. Esse último movimento de “desconcentração” também foi favorecido por uma mudança nas regras de composição do principal índice de ações brasileiro. Os setores de commodities, notadamente siderurgia, mineração e petróleo, tiveram suas participações reduzidas, tanto em função do próprio desempenho das empresas (e alteração nas dinâmicas dos seus mercados de atuação), como pelo desempenho de outras empresas/segmentos nos seus respectivos mercados.

No entanto, essas blue chips do início dos anos 2000 seguiram tendo forte representação junto aos investidores, seja em função dos portes das empresas, da liquidez das ações, como também das suas presenças em bolsas internacionais. A diminuição da representatividade dos setores de commodities abriu espaço para que o setor financeiro, especialmente bancos, ganhasse notabilidade frente aos investidores. Os grandes bancos brasileiros possuem portes expressivos, geram resultados robustos e são reconhecidos no grupo dos mais rentáveis do mundo.

Esse contexto propiciou que o segmento ganhasse parte do espaço em bolsa que era destinado às blue chips de commodities. E também passaram a ser a escolha de grandes grupos financeiros estrangeiros, que possuem um capital para investimentos extremamente robusto, exigindo tanto uma liquidez expressiva, como um valor de mercado alto por parte das empresas. Esse movimento pode ocorrer tanto na alta, como nos momentos de realização do mercado. Dado cenário um de alta liquidez e, mesmo com a turbulência política que estamos passando, há uma clara demanda por “Brasil”. Assim, a procura por blue chips que apresentem uma estrutura boa de fundamentos se torna necessária, a fim do investidor capturar a demanda que o estrangeiro está gerando.




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