. . Carta do Gestor: Ibovespa bate novo recorde

O mês de maio é “tradicionalmente” um período de volatilidade e de viés de baixa, sobretudo por influência do mercado internacional, onde existe um ditado antigo: “Sell in May and go away”. O que significa dizer, em bom português, “venda em maio e vá embora”. Isso porque é um período de férias no Hemisfério Norte, e existe tendência de diminuição do volume de negociações no mercado financeiro internacional, em especial no mercado dos Estados Unidos. E como há forte influência do mercado norte-americano no brasileiro, a queda em maio também aconteceria por aqui. Será que isso faz sentido?

Pela tabela 1 é possível observar que nos últimos três anos a queda em maio não foi confirmada. E em maio passado, o Ibovespa bateu novo recorde, fechou cotado aos 126.216 pontos, apresentando alta de 6,2% em relação a abril/21 (118.894 pontos), conforme observa-se a evolução do Ibovespa em 2021 no gráfico 1.

Essa euforia com o mercado de ações se deve aos dados econômicos mais positivos no exterior e no Brasil, em especial os indicadores de crescimento da economia e do setor fiscal, e a expectativa de vacinação em massa da população nos próximos meses. Ademais, contribuiu para o mercado ficar mais otimista os resultados das empresas no primeiro trimestre de 2021 (1T21), que vieram, em sua maioria, ou acima ou linha com as expectativas dos analistas. Assim, nesse contexto positivo, tivemos forte entrada de investimento estrangeiro na B3 em maio. Segundo a B3, ingressaram R$ 12,2 bilhões no mercado secundário da Bolsa brasileira no período relatado. E quais foram os destaques em maio entre os índices de bolsa da B3?

Como podemos verificar no gráfico 2, as empresas do setor imobiliário, do financeiro e de consumo foram os destaques positivos. O IMOB teve elevação de 7,1% no período, seguido do IFNC que teve variação de 6,9% e do ICON registrando alta de 6,5%. Do lado negativo, o IMAT, indicador relacionado às commodities, caiu 3,3% em maio. Em suma, no mês passado, setores que estavam mais atrasados, responderam melhor, pois estavam mais atrativos se comparados a setores que haviam disparado ao longo como é caso das empresas ligadas aos materiais básicos (commodities).

No gráfico 3, que mostra o desempenho setorial dos índices de bolsa da B3 no acumulado do ano até maio/21, observamos um desempenho diferente do mês passado. No acumulado dos primeiros cinco meses de 2021, o IMAT está disparado com alta de 28,5%, puxado pela forte retomada da economia internacional, especialmente de Estados Unidos e de China, que seguem utilizando-se de políticas econômicas ultra expansionistas. Além disso, também é possível observar no gráfico 3, que setores como o financeiro e o imobiliário, apresentaram desempenho negativo no acumulado até o fim de maio, diferente da análise mensal que realizamos anteriormente.

Desse modo, como pode ser avaliado na tabela 2 referente Relatório Focus divulgado no último 31 de maio, que a expectativa do mercado, mensurada pela mediana da pesquisa, é de que a economia cresça 3,9% em 2021. Mas já existem diversas instituições projetando que a economia brasileira tenha expansão entre 4,5% e 5% nesse ano. Todavia, a inflação não está dando trégua no Brasil e no exterior. O IPCA, indicador que mensura a inflação para o consumidor brasileiro, está projetado em 5,3% para o acumulado de 2021. No mesmo sentido, o IGP-M estimado para o fim de 2021 é 18,5%, valor bem acima do IPCA novamente. No fim de 2020, a previsão para o IGP-M era de que acumulasse variação de 4,6%.  Por isso, a taxa Selic, que atualmente está em 3,5%, tende a subir para 5,75% conforme as projeções do Relatório Focus. Já a Taxa de câmbio, segundo o Focus, deve fechar 2021 em R$/US$ 5,30. Mas devido ao cenário de maior otimismo com o crescimento econômico e juros em alta, o capital estrangeiro deve continuar acelerando os ingressos, ajudando a pressionar a taxa de câmbio para baixo, podendo essa voltar a ficar abaixo de R$/US$ 5,0.

No entanto, assim como escrevemos na Carta de abril, sabemos que existem preocupações e riscos. Sendo o fator chave desse cenário, a resolução da crise sanitária, onde espera-se que a vacinação seja mais rápida, para que a “normalidade” na economia seja retomada. Ao mesmo tempo, outro fator que tem gerado preocupação no curto prazo é a inflação mais elevada, em especial nos Estados Unidos. Esse fator tem feito o mercado ter elevada volatilidade em função das expectativas em torno de possíveis aumentos das taxas de juros por parte do Federal Reserve (FED), algo que tem baixa probabilidade de acontecer no curto prazo.

 

Por fim, vale destacar que as nossas carteiras têm conseguido “surfar essa onda de otimismo”, com desempenho bem próximo ao Ibovespa no ano, e superando o indicador nos últimos 12 meses. Continuamos atentos e focados para ajustar os portfólios as transformações que estão ocorrendo nos últimos meses. E vale sempre frisar que além de buscar rentabilidade para as nossas carteiras, focamos muito na preservação do capital dos nossos investidores, algo muito importante em um cenário de elevada volatilidade, como é caso do momento atual.

 

Obrigado por investir conosco!

 

Equipe de Gestão.

 

 




Siga-nos no Twitter!