. . Selic a 2,25%: por trás e além

Projeções de inflação em queda e atividade fraca, com alto grau de ociosidade da economia, levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) a reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 p.p., de 3% para 2,25% ao ano. A sinalização é de manutenção para os próximos meses.

Em comunicado após a decisão, na noite de ontem, o Copom destacou que o grau de estímulo monetário tem que ser bem elevado em uma economia fraca como estamos acompanhando, e deixou aberta a possibilidade de redução adicional no futuro.

Isso prejudica aplicações na renda fixa e da caderneta de poupança, que é atrelada à Selic, observa o economia-chefe da Geral Asset, Denilson Alencastro.

Para um futuro um pouco mais longo, o Copom coloca como risco o cenário fiscal (influenciado pelas contas públicas) para a consolidação dos juros em um patamar mais baixo. “Quando o fiscal não está funcionando, o prêmio de risco aumenta, e para captar dinheiro tem que oferecer um juro maior”, explica o economista.

Indicadores e cenário de curto e médio prazo

Monitorando No mês de maio o IPCA, índice de preços relacionados ao consumo, mostrou deflação de 0,38%. Alguns bens duráveis tiveram elevação, sendo esses impactados pelo câmbio. O IGP-M, que mede os preços de forma geral, continua sendo impactado pela alta do preço do minério de ferro. Em junho esse índice subiu 1,48%, segundo divulgação de ontem (18) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Mas, de maneira geral, os números apresentados nas primeiras semanas de junho trazem sinais de reação da economia. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em sua Carta de Conjuntura, faz uma série de ponderações a respeito do cenário. E na publicação, revisa projeções e aponta queda de 6% para o PIB brasileiro em 2020, com crescimento de 3,6% em 2021.

Entre as considerações há o conjunto de medidas de preservação de renda, empregos e produção implementado como resposta à crise. Aliado a isso está o início da flexibilização das medidas de isolamento, que permitem uma perspectiva de melhora no desempenho da atividade econômica nos próximos meses.

Por outro lado, uma série de restrições devem ser avaliadas – assim como seus possíveis impactos – neste processo de retomada:

  • Comércio e serviços precisarão se adaptar a novos protocolos de segurança, que podem representar limitação de capacidade e aumento de custos na operação;
  • Consumo das famílias tende a ser afetado pelo impacto negativo da crise sobre o mercado de trabalho e pela incerteza que deverá perdurar ainda por algum tempo;
  • No mercado de trabalho, indicadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram piora na tendência de criação de vagas, o que limita a recuperação mais rápida do consumo.



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